Quando iniciamos o trajeto de carro em direção à Portela do Homem, em pleno Gerês, eu não sabia bem o que me esperava nesse dia. O sol brilhava intensamente e havia um calorzinho timido que prometia atingir temperaturas dignas de uma primavera adiantada.
Após estacionar o carro de forma legal junto à Portela do Homem pegamos nas mochilas e deslocamo-nos para o nosso destino: as minas dos carris.
As minas dos carris são umas minas de Volfrâmio abandonadas que se localizam no ponto mais alto do Gerês - cerca de 1.400 m de altura. De acordo com alguns historiadores, o volfrâmio desta mina foi utilizado pelo exécito nazi no seu esforço de guerra.
O grande problema é que para se chegar ao topo para vislumbrar as minas dos carris, temos de percorrer um total de 21 km (ida e volta) a pé por um percurso com grau de dificuldad elevado. Eu não sabia mesmo o que me esperava...
Cerca de 5 minutos de caminhada a partir da Portela do Homem leva-nos até o início do nosso percurso. Não há margem de erro. O percurso começa junto a uma bela cascata formada pelo Rio Homem. É nesse local que temos de sair da estrada para nos envolvermos na serenidade do Gerês.
O silêncio do percurso é apenas quebrado pelo som das águas do Rio Homem e pelos nossos passos em contato com os pedregulhos do caminho.
A subida deve ser feita com cuidado tendo em conta que o chão é instável. Infelizmente, por esse motivo, só parando é que é possível usufruir das fabulosas vistas.
Paramos por momentos para descansar num local onde a simbiose entre o rio e o seu leito era perfeita. Foi aí que me apercebi como era fantástico o local onde estavamos... E poucos são aqueles que vislumbram esta vista.
Continuando a díficil subida em direção às minas dos carris, ainda nos cruzamos com uma pequena serpente que habilmente simulou estar morta e chegamos à conclusão que que não tinhamos levado água suficiente. Deste modo, tivemos de recorrer à água do rio.
Foram necessárias 4 horas de subida em esforço para chegar às minas.
As minas dos Carris são uma verdadeira aldeia fantasma no cimo da montanha. Há um misto de clima assustador e de deslumbramento. As vistas em direção a uma distante Pitões da Júnia são fantásticas, mas há sempre um mistério associado ao modo como aqueles mineiros viviam naquela zona.
Começamos a nossa descida com receio de perder a luz do dia. O grau de dificuldade na descida é superior tendo em conta que as pedras soltas do percurso aumentam o risco de torção de joelhos ou tornozelos. Não obstante, a descida demorou 2h30, sempre com luz natural.
Como estavamos em pleno contacto com a natureza, ainda tivemos um encontro imediato com um javali que, felizmente, teve mais medo de nós do que nós dele.
Foi uma experiência bastante completa. Quando chegamos ao carro estavamos num ponto de quase exaustão física e decidimos jantar na Vila do Gerês.
A Vila do Gerês ainda tem um glamour especial e tem atividade social que não estava à espera para um sábado de época baixa. Jantamos no "Novo Sol". Restaurante simpático e acolhedor que merece uma visita a quem procura jantar ou almoçar na Vila.
Ficamos alojados na Pousada da Juventude de Vilarinho das Furnas. O quarto duplo com casa de banho permite uma confortável estadia, ao nível de um hotel 3 estrelas. O único problema são as suas paredes finas que permitem ouvir todas as conversas dos quartos vizinhos.
No dia seguinte, fomos ver a assustadora barragem de Vilarinho das Furnas e imaginar como seria a paisagem antes da sua construção. Esta tarefa foi demasiado difícil. A barragem simplesmente impõe-se na paisagem engolindo nas águas retidas uma aldeia com história e tradição.
Almoçamos em Braga no Casa Pimenta. O próximo destino era o Mosteiro de Tibães nos arredores de Braga.
Comprado a particulares, o Mosteiro foi recuperado para receber visitas organizadas. Atendendo à sua dimensão e interesse histórico e arquitetónico, Tibães promete ser um local de referência no distrito de Braga.
Neste fim de semana, levamos a nossa capacidade física aos limites, mas as vistas fabulosas do percurso às minas dos carris e o Mosteiro de Tibães mostraram que o distrito de Braga tem muito para oferecer.