O dia começou com o pequeno-almoço no pátio do Riad servido por senhoras marroquinas vestidas de branco que não sabiam falar inglês. O pequeno-almoço consistiu em sumo de laranja natural, baguete, pão com cereais, croissants, beghrir (crepes marroquinos) e vários tipos de geleia. Após a refeição optamos por visitar os Jardins de Majorelle uma vez que se localizam fora de muralhas, mas perto do riad.
Mais uma vez, um trajecto que se adivinhava simples não o foi devido à imprecisão do mapa. Com algumas hesitações chegamos ao Jardim – um verdadeiro oásis de tranquilidade e ar puro no meio de uma cidade, que mesmo fora da Medina, é confusa e poluída. A entrada no Jardim custa 40 Drh. Aqui, o verde da vegetação mistura-se com o colorido da arquitectura. O espaço é pequeno e consiste numa floresta de bambus com caminhos ondulantes onde pontuam vasos de barrro colorido: azul, laranja e amarelo. Pelo percurso surgem pequenos lagos, fontes e pergolas. Junto ao museu existe um jardim de suculentas e buganvílias. O tempo proporcionou uma visita agradável, um belo dia de “Primavera” para um passeio no jardim.
Seguimos, a pé, em direcção à Praça Jaam-el-Fna para o almoço, arriscando a vida sempre que queríamos atravessa a rua. Em Marraquexe predomina uma cor entre o castanho e um rosa barrento. As cores resultam não só das muralhas e casas da Medina como dos edifícios da designada “cidade nova”.
De novo dentro da Medina e durante a hora de oração, cruzamo-nos com os fiéis que saiam da mesquita e verificamos o que tínhamos lido no guia acerca do islão e da caridade. Um dos pilares do islão é a caridade, um aspecto muito importante visto que não existe no país sistema de segurança social que protege quem não pode trabalhar, nomeadamente os mais idosos. Almoçamos no mesmo restaurante pizza funghi e salada marroquina. A salada marroquina é composta por azeitonas, tomate, pepino, cebola e ervas aromáticos.
A visita a jardins prolongou-se para depois do almoço, primeiro com os jardins da Koutubia e depois com a tentativa infrutífera de ver o jardim de Mamounia. O jardim da Koutubia é o jardim adjacente à mesquita da Koutubia. É, portanto, usado pelos crentes que passam ou descansam antes das várias orações diárias. Este espaço é de dimensão média e cheio de laranjeiras e rosas em flor. As laranjeiras são podadas no que resta de uma topiaria algures no tempo. Os canteiros são formais, rectilíneos e gradeados. No centro, alinhada com o minarete da mesquita, uma fonte seca. Aqui estão presentes aguadeiros, não os da fotografia que estão presentes na Praça, mas os verdadeiros que servem água aos fiéis que cerimoniosamente a bebem.
Na mesma rua, um pouco mais adiante, fica o hotel Mammounia. Este Hotel ficou famoso por ter sido frequentado por Winston Churchill, General de Gaulle e Alfred Hitchkock. O seu jardim é uma referência. Contudo, quando tentamos entrar no hotel para ver o jardim foi-nos barrada a entrada. “We have a dress code. No sneakers allowed.” “What?” “No sportif shoes. Besides, the visits are only from 10 to 4pm. Monday to Friday”. Era sexta e faltavam 10 minutos para as quatro da tarde. Não insistimos e rumamos às compras nos souks. A primeira aquisição foi uma t-shirt por 100 drh. Passamos o resto da tarde de souk em souk em busca de bijuteria mais um bule e copos de chá.
Fomos para o café Glacier para ver a praça ao pôr-do-sol bebendo um chá de menta. Uma vista única. Sons únicos. Neste momento, à medida que o sol se põe desejo ter um câmara fotográfica com mil e um mega pixels para poder captar, numa fotografia, a nitidez que os meus olhos vêem. Acabamos por jantar ali, no terraço do glacier com vista para a magnifica praça, brouchette e kefka. Um belo jantar. Com os drh que sobravam ainda compramos postais e um lenço - mais uma experiência. Por um lado, logo à entrada dos souks um vendedor cortava as unhas dos pés e chamava os clientes simultaneamente. Por outro lado, encontramos um vendedor melodramático que não tinha mais de 12 anos. Mais uma negociação. “Good Quality. Touch” “This (apontando para outro lenço) paint your head when you use. (atira o lenço para o chão com repulsa)” Os vendedores marroquinos são realmente especiais.
Já com lenço e quase sem dinares marroquinos regressamos ao riad. Desta vez seguimos o mapa do guia que trouxemos do Porto, substancialmente melhor. Pelo caminho mais uma vez, pessoas nos perguntavam “Que quieres?” “Que precisas?” Paz no mundo, erradicar a pobreza, acabar com a fome. Apeteceu-me responder assim, mas não o fiz.
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