Dizem que o nosso país é pequeno, mas se calhar para podermos perceber a verdadeira dimensão deste pequeno canto da Europa é necessário ir aqueles locais que estão atrás dos montes e do Douro.
Começamos o nosso projecto Lusitânia low cost, procurando descobrir Vila Nova de Foz Côa, uma pequena cidade do Distrito da Guarda. Para muitos, Vila Nova de Foz Côa é sinónimo de gravuras rupestres, contudo esta cidade tem muito mais para oferecer. Assim, o nosso objetivo principal era outro - percorrer a pé linha de comboio desativada entre as estações do Pocinho e do Côa.
De facto, tínhamos este trajeto em mente desde 2009, ano em que compramos o livro "Pelas linhas da nostalagia". Este livro descreve os percursos a pé nas linhas ferroviárias desativadas do país. Relativamente a este trajeto, os seus autores referem que atravessar a linha do Côa permite aceder a uma paisagem natural que apenas é possível de barco ou a pé. Não conseguimos resistir a este desafio!
Restava fazer a mala para esta aventura.
O que levar? Decidimos que uma ligeira refeição seria suficiente para as horas que iriamos estar isolado. Assim, para além de comida, entendemos levar as 2 cartas militares, bússola, lanterna e roupa quente.
Com tudo acondicionado nas mochilas lá fomos para Vila Nova de Foz Côa.
Para quem vem do Porto, o percurso mais direto é através da A4 em direção a Amarante. Após a portagem, seguimos em direção à Régua e depois enfrentamos um caminho de curva contra curva, subidas e descidas até chegarmos ao nosso destino. Sem grandes pressas, chegamos a Vila Nova de Foz Côa em cerca de 3 horas.
Como saímos do Porto na sexta-feira à noite, ainda chegamos a tempo de dormir no Hotel Vale do Côa. De facto, apesar de todo o fervor turístico associado às gravuras rupestres e ao novo Museu, a cidade não tem grande oferta hoteleira. No site booking, não está disponivel um único local para dormir. As alternativas são apenas o Hotel Vale do Côa, a Casa Vermelha, Pousada da Juventude, Residencial Avenida e Residencial Marina.
O Hotel Vale do Côa, sem deslumbrar cumpre a sua missão. Os quartos são confortáveis e limpos. A localização central. O pequeno almoço era simples mas agradável.
Sábado de manhã 11h00 no Pocinho. Começamos a nossa aventura. De mochila às costas, iniciamos o nosso caminho. Logo no seu início tivemos de atravessar um rebanho de ovelhas que se alimentava nas linhas desativadas. O nosso receio de sermos abordados por um cão pastor não se confirmaram e fomos ignorados pela primeira vez por animais naquele dia.
Andar pelas linhas de comboio não é fácil. Com efeito, as pedras, a madeira e a vegetação dificultam cada passo dado. Não obstante, com o percorrer da distância, cada vez mais ficavamos isolados no mundo. Bastava pararmos um pouco para sentirmos ûm silêncio quase absoluto que apenas era quebrado pelo barulho de aves. Durante a primeira hora, era possível observar do outro lado do Rio Douro uma estrada. No entanto, a estrada acabou por seguir outro caminho que não o paralelo ao nosso. Estavamos ainda mais isolados. Se calhar não iriamos ter qualquer contato humanos até o nosso destino. Não poderiamos estar mais enganados. Após cerca de uma hora e meia de percurso, avistamos uma pessoa na linha. Quando nos aproximamos mais, pudemos constatar que a pessoa estava armada. Era um caçador que olhava de forma fixa para o monte. Decidimos conversar um pouco com ele. Explicou-nos que estava a ter lugar uma montaria ao javali, mas que não havia perigo para nós. O caçador mostrou ter muito interesse na sua região e na revitalização da linha de comboio onde nos tínhamos cruzado.
Continuamos o nosso percurso. A montaria estava no seu auge. Diversos caçadores estavam estrategicamente localizados ao longo do monte enquanto outros gritavam de forma entusiasta. Rapidamente saímos da zona da montaria e voltamos ao percurso calma que tínhamos encontrado no início. De vez em quando, um cão de sino no pescoço e com o pêlo molhado passa por nós. Nenhum nos deu a mínima atenção, continuando o seu trajeto como um bom profissional concentrados nas suas tarefas auxiliares à montaria.
Novamente isolados, continuamos a usufruir da paz da linha desativada, das águas calmas do douro e das amendoeiras em flor. Paramos para almoçar debaixo da sombra de uma oliveira antes de avançar para a última parte do caminho. Por vezes, deparavamo-nos com antigos apeadeiros destruídos, até que nos aproximamos do último previsto - a estação do Côa junto à ponte sobre o rio Côa. A nossa caminhada tinha aparentemente chegado ao fim, mas ainda queriamos ir ao Museu do Côa. A única hipótese foi avançar pelo monte em corta-mato até encontrarmos um pequeno caminho que nos levou ao Museu.
O Museu ainda está com um funcionamento deficitário. Do ponto de vista arquitetónico, é dificil compreender como o espaço não está mais virado para a vista fabulosa que a rodeia. Todavia, este museu tem um conceito dinâmico e interativo que o torna interessante. Vale a visita.
Vila Nova de Foz côa tem ainda muito mais para oferecer - as pedreiras do poio, as gravuras rupestres, as amendoeiras em flor, a paisagem natural. Um fim de semana nesta região do Douro faz-nos abraçar um portugal distante, muitas vezes esquecidos, mas que rodeia um dos ex-libris do país - o Parque Natural do Douro.
Começamos o nosso projecto Lusitânia low cost, procurando descobrir Vila Nova de Foz Côa, uma pequena cidade do Distrito da Guarda. Para muitos, Vila Nova de Foz Côa é sinónimo de gravuras rupestres, contudo esta cidade tem muito mais para oferecer. Assim, o nosso objetivo principal era outro - percorrer a pé linha de comboio desativada entre as estações do Pocinho e do Côa.
De facto, tínhamos este trajeto em mente desde 2009, ano em que compramos o livro "Pelas linhas da nostalagia". Este livro descreve os percursos a pé nas linhas ferroviárias desativadas do país. Relativamente a este trajeto, os seus autores referem que atravessar a linha do Côa permite aceder a uma paisagem natural que apenas é possível de barco ou a pé. Não conseguimos resistir a este desafio!
Restava fazer a mala para esta aventura.
O que levar? Decidimos que uma ligeira refeição seria suficiente para as horas que iriamos estar isolado. Assim, para além de comida, entendemos levar as 2 cartas militares, bússola, lanterna e roupa quente.
Com tudo acondicionado nas mochilas lá fomos para Vila Nova de Foz Côa.
Para quem vem do Porto, o percurso mais direto é através da A4 em direção a Amarante. Após a portagem, seguimos em direção à Régua e depois enfrentamos um caminho de curva contra curva, subidas e descidas até chegarmos ao nosso destino. Sem grandes pressas, chegamos a Vila Nova de Foz Côa em cerca de 3 horas.
Como saímos do Porto na sexta-feira à noite, ainda chegamos a tempo de dormir no Hotel Vale do Côa. De facto, apesar de todo o fervor turístico associado às gravuras rupestres e ao novo Museu, a cidade não tem grande oferta hoteleira. No site booking, não está disponivel um único local para dormir. As alternativas são apenas o Hotel Vale do Côa, a Casa Vermelha, Pousada da Juventude, Residencial Avenida e Residencial Marina.
O Hotel Vale do Côa, sem deslumbrar cumpre a sua missão. Os quartos são confortáveis e limpos. A localização central. O pequeno almoço era simples mas agradável.
Sábado de manhã 11h00 no Pocinho. Começamos a nossa aventura. De mochila às costas, iniciamos o nosso caminho. Logo no seu início tivemos de atravessar um rebanho de ovelhas que se alimentava nas linhas desativadas. O nosso receio de sermos abordados por um cão pastor não se confirmaram e fomos ignorados pela primeira vez por animais naquele dia.
Andar pelas linhas de comboio não é fácil. Com efeito, as pedras, a madeira e a vegetação dificultam cada passo dado. Não obstante, com o percorrer da distância, cada vez mais ficavamos isolados no mundo. Bastava pararmos um pouco para sentirmos ûm silêncio quase absoluto que apenas era quebrado pelo barulho de aves. Durante a primeira hora, era possível observar do outro lado do Rio Douro uma estrada. No entanto, a estrada acabou por seguir outro caminho que não o paralelo ao nosso. Estavamos ainda mais isolados. Se calhar não iriamos ter qualquer contato humanos até o nosso destino. Não poderiamos estar mais enganados. Após cerca de uma hora e meia de percurso, avistamos uma pessoa na linha. Quando nos aproximamos mais, pudemos constatar que a pessoa estava armada. Era um caçador que olhava de forma fixa para o monte. Decidimos conversar um pouco com ele. Explicou-nos que estava a ter lugar uma montaria ao javali, mas que não havia perigo para nós. O caçador mostrou ter muito interesse na sua região e na revitalização da linha de comboio onde nos tínhamos cruzado.
Continuamos o nosso percurso. A montaria estava no seu auge. Diversos caçadores estavam estrategicamente localizados ao longo do monte enquanto outros gritavam de forma entusiasta. Rapidamente saímos da zona da montaria e voltamos ao percurso calma que tínhamos encontrado no início. De vez em quando, um cão de sino no pescoço e com o pêlo molhado passa por nós. Nenhum nos deu a mínima atenção, continuando o seu trajeto como um bom profissional concentrados nas suas tarefas auxiliares à montaria.
Novamente isolados, continuamos a usufruir da paz da linha desativada, das águas calmas do douro e das amendoeiras em flor. Paramos para almoçar debaixo da sombra de uma oliveira antes de avançar para a última parte do caminho. Por vezes, deparavamo-nos com antigos apeadeiros destruídos, até que nos aproximamos do último previsto - a estação do Côa junto à ponte sobre o rio Côa. A nossa caminhada tinha aparentemente chegado ao fim, mas ainda queriamos ir ao Museu do Côa. A única hipótese foi avançar pelo monte em corta-mato até encontrarmos um pequeno caminho que nos levou ao Museu.
O Museu ainda está com um funcionamento deficitário. Do ponto de vista arquitetónico, é dificil compreender como o espaço não está mais virado para a vista fabulosa que a rodeia. Todavia, este museu tem um conceito dinâmico e interativo que o torna interessante. Vale a visita.
Vila Nova de Foz côa tem ainda muito mais para oferecer - as pedreiras do poio, as gravuras rupestres, as amendoeiras em flor, a paisagem natural. Um fim de semana nesta região do Douro faz-nos abraçar um portugal distante, muitas vezes esquecidos, mas que rodeia um dos ex-libris do país - o Parque Natural do Douro.
Parece-me ter sido uma boa experiência, recomendas para se ir apenas um dia ou não compensa?
ResponderEliminarHavemos de fazer a nossa "linha de nostalgia" repetindo o caminho aventuroso da Ribeira, aceitas o desafio para este low-cost??
Eu aceito (; Bora lá!!
ResponderEliminarA viagem até Foz Coa é longa, acho que não compensa ir só num dia.
ResponderEliminar